Pra onde vão?
De onde vieram?
Onde estão?

Estão aqui, estão lá, pra um destino novo talvez, sem pensar. Por falta de opção, talvez por opressão, muito provável uma pressão!
Saiam! Corram! Escondam! Xiiiu! Fujam!

Onde estão?
Chegaram! E vão ficar!
Devem ficar! O coração de Deus é seu lar!

Sua pátria no coração não vão abandonar, e talvez uma nova vão, por amor, adotar.
É casa! É família, parte da família! É um que chega, é um que fica, e todos que esperam se reencontrar.

ELE VIRÁ!

Uma saudade do lar, que talvez não exista mais.
Mas a oportunidade de contar a novidade, UMA MORADA ETERNA ESTÁ A NOSSA ESPERA.

Sejam bem-vindos, bem acolhidos, sejam amados e bem cuidados! Sejamos os nós que apertam os nossos laços, sejamos o porto que acolhe esses barcos, sejamos o abraço que cola os cacos, sejamos filhos de um Deus que acolhe o refugiado!

A casa é Nossa! O Pai é Nosso!

“Ele defende o direito do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, dando‑lhe alimento e roupa. Amem os estrangeiros, pois vocês mesmos foram estrangeiros no Egito.” Deuteronômio 10:18-19

Hoje parei para pensar em algumas coisas. Enquanto tantas situações passavam a minha frente, minha cabeça me lembrou de momentos e símbolos. Hoje, com uma bebê de pouco mais de 21 dias, me pego a pensar sobre a variável do acolhimento e a diferença que isso pode fazer na vida de um humano.
Por mais que eu me achasse uma pessoa acolhedora (e eu era um pouco), que eu já tivesse ouvido muito isso de pessoas, nos projetos e trabalhos que atuei, uma ficha me caiu: acolhimento é uma mistura racional com afeto, nem só uma coisa ou outra. Nem só sentimento, e nem só atitude. É uma mistura dos dois.

Olívia, nossa bebê, estava envolvida e imersa em acolhimento na minha barriga. Quando saiu experimentou algo estranho, se viu “ilimitada”. Criamos então para ela um ninho, ou a sensação de um. O berço é muito grande para ela, projetamos um ninho, um cercadinho de cobertores, para que ela fique mais apertada, mais aconchegada. Se ela se percebe muito solta, ela chora, se assusta e não dorme. Enrrolamos ela em um pano, para que ela se lembre da inclusão que sentia no útero materno. Os braços também são ninhos humanos, eles abraçam e geram segurança. Segurança para prosseguir nesse mundo infinito.

Eu (Priscila), juntamente com Missão Avalanche, temos um sonho, um desejo, uma esperança de promovemos ajuda à aqueles no meio urbano, que se perderam do seu ninho. Aqueles que por motivos físicos, sociais, emocionais, territoriais e espirituais foram forçados a ficar sem limites, sem fronteiras e tiveram que ir e vir sem rumo. Temos um projeto chamado Ninho, que no momento está em pausa,devido minha licença maternidade (pois entendi que não podemos fazer tudo de uma vez). A vulnerabilidade que sentimos quando paramos, pode nos trazer mais coragem para prosseguir. A vulnerabilidade nao é ruim, é liberdade para se expor e assim vivenciar mais e melhores conexões. O Projeto Ninho não finalizou seus trabalhos, ele diminuiu para na hora certa crescer em ajuda humanitária, em empreendedorismo social, em voluntariado e ajuda a vários grupos de pessoas, dentre eles Imigrantes e Refugiados.

Hoje, dia 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado penso em como cada dia mais, podemos fazer mais e de forma mais afetuosa e afetiva. Não só fazer, não só sentir, mas ser mais um com aqueles que se sentem sem ninho, sem futuro, sem alívio. Você pode fazer, independente da sua rotina! Em breve, anunciarei mais notícias sobre nosso Projeto Ninho e sobre a extensão dele para outras redes de ajuda e acolhimento, ao humano que precisa de outro humano. Que precisa de cobertor, de margem e de afeto todos os momentos, assim como um bebê mamífero.

Obrigada a todos que seguem conosco, colocando gravetinho nesse Ninho. Obrigada por cada apoio, palavra e contribuição. Obrigada por acreditar que coisas novas, caminham devagar e sempre. Obrigada!

Ilustração: Thiago Tal (@thiagothal)