Para início de conversa precisamos compreender o que são compulsões. Elas são entendidas como hábitos aprendidos, os quais podem gerar alívio sobre a ansiedade, a angústia e o medo. Ou seja, são práticas que podem ser repetitivas e excessivas e, apesar de gerarem certo prazer e proporcionarem alívio emocional, são más e, com o tempo, a sensação de bem-estar imediato passa e é seguida da culpa. Para minimizar o sofrimento causado pela culpa, repete-se a prática, caracterizando, assim, o hábito como um comportamento compulsivo.

Definidas em linhas gerais as compulsões, que relação esse tema tem com o que temos vivido atualmente enquanto humanidade, seres sociais, criados a imagem e semelhança de Deus?

Atualmente, encontramo-nos em uma realidade nova, a pandemia do novo corona vírus, e com isso deparamo-nos com algumas restrições na tentativa de combater a disseminação do mesmo. O quê fazer? Para onde ir? A indicação até aqui foi a de parar tudo, já que distanciamento e isolamento sociais são importantes neste momento que estamos vivendo. Grande parte da população se viu cercada por essa realidade e, concomitantemente, surgiu a dificuldade de lidar com o novo, com a quebra das rotinas antes estabelecidas. Insegurança e medo surgem: da solidão, do isolamento social, do incerto. É angustiante, amedrontador, e isso traz consigo transformações sociais e emocionais, junto a consequentes mudanças nos hábitos.

Mas o que fazer diante de tudo isso? Como aliviar essa tensão emocional? É nesse momento que descobrimos que o nosso coração é enganoso. Somos tendenciosos em acreditar que precisamos de algo para suprir e aliviar as nossas carências e inseguranças. Assim, nos deparamos com as compulsões em diversas áreas: comida, sexo, álcool, drogas, internet, games, entre outras. Precisamos sempre de mais, mais e mais, a fim de gerar uma sensação prazerosa, que, de contrapartida,  nunca é suficiente. E, assim, queremos mais. Mas até quando? Permita-me dizer que há caminhos que aos nossos olhos parecem certos, mas não vão gerar vida – prafraseando Provérbios 14:12.

Como é difícil lidar com a solidão, com o próprio eu, com o medo, não é mesmo? E quem disse que seria fácil? Além do mais, não fomos criados para andar e vivermos sozinhos. O Criador, junto com o fôlego de vida, soprou em nós a característica do relacionar, pois Ele mesmo é relacional. Então, precisamos conhecer o Caminho e a fonte de prazer que irão, sim, gerar vida. E, para tanto, nada melhor do que (re)conectar com o Criador e (re)descobrir habilidades, como cozinhar, desenhar, pintar. A prática de exercícios físicos, danças, esportes, caminhada, alongamento, também contribui, pois libera substâncias (por exemplo, a dopamina) que geram em nós a sensação de prazer.

Diante disso, a boa notícia é real e verdadeira, ela nos conduz a uma fonte de prazer que nunca acaba. Precisamos nos arrepender e reconciliar com Cristo, pois Ele é o caminho, a verdade, a vida, e a fonte inesgotável (Jo.4:13,14). É possível! Aproveitemos este tempo de quarentena para nos readaptarmos a uma nova rotina. “E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus (Fp.4:7).”

A família, que em seu contexto tem a problemática do álcool e outras drogas, desenvolve um rígido sistema de negação da situação em que vive. Tanto o dependente como o familiar, utilizam este artifício na tentativa de evitar o reconhecimento do problema existente. A dependência instalada neste meio destrói a autoconfiança e a autoestima de toda família, assim a negação se torna uma defesa na crescente falta de controle sobre a situação problema.

A própria negação pode indicar a existência do problema da dependência e da codependência na família vindo a piorar o quadro com o passar do tempo. Compreende-se a dependência química como o consumo sem controle de uma substância psicoativa (álcool ou outras drogas). Este consumo descontrolado está, geralmente, associado a problemas sérios para o consumidor da droga em várias áreas de sua vida, seja física, psicológica, espiritual, de saúde, etc.

Já a codependência se apresenta no quadro de distúrbio mental. Destacasse ansiedade, angústia e compulsividade obsessiva em torno de tudo que envolve a vida do dependente. Ainda, o que fica evidente, neste distúrbio é a anulação da própria vida do familiar para viver na dependência dos acontecimentos de quem vive a dependência do álcool ou outras drogas. Assim, negar o problema já existente não irá contribuir de forma positiva, tanto para o dependente, buscar ajuda externa, como para toda família tomar consciência dos novos rumos, ou mesmo, voltar aos trilhos.

O ambiente familiar onde a confiança é comprometida precisa de ajuda e compreensão. Famílias que aprendem a resolver seus problemas tendem a prevenir novas crises e a lidar de forma madura e sábia com a problemática da dependência. Portanto, negar a situação já existente, não resolve, nem se culpar pelo sistema familiar “descarrilhado”.

Buscar ajuda sempre é uma opção. Existem muitos grupos de apoio (Cruz Azul, Amor Exigente, AA, NA, entre outros) que tem a função de redimensionar os participantes/famílias a tomarem decisões responsáveis e saudáveis, não mais baseadas em manipulações ou ameaças, mas sim dentro daquilo que agora traz liberdade e compromisso com o novo.

 

Texto: Mara Márcia Schroeder

Todos nós estamos suscetíveis a situações que nos geram dores em nossa alma, então fique calmo, você não é o único a sofrer nesta vida! Em sua vida, é provável que tenha experimentado a frustração, decepção, tristeza, desamparo, luto, rejeição, violência, insatisfação, e entre outras dores. Caso não tenha vivenciado nenhuma dessas dores, ou você é um super-humano, ou vive em uma bolha.

Mas quando essas dores se encontram presente em nossas vidas, o que fazer? Como parar? Como solucionar? Com a bebida? Netflix? Comida? Drogas? Sexo? Terapia? Remédios? Todas elas dão um alívio momentâneo, nos fazem esquecer por um breve momento, mas quando a realidade bate na nossa cara novamente e aí como encarar?

Precisamos reconhecer que essas dores fazem parte do nosso dia a dia, e fazer as pazes com a nossa vida, com Aquele que nos deu e criou a vida, precisamos perguntar para Aquele que entende e sabe como funcionamos, reconectarmos com a realidade e ver que mesmo nesses momentos de dores, se Ele está presente, há o amparo, o consolo e a Esperança.

Texto: Priscila Yumi Shiotani
Aluna da Escola de Dependência Química & Outras Compulsões 2019