Este não é um texto de dados e fatos sobre a pandemia. Este não é um texto sobre precauções e medidas protetivas para não se pegar um vírus. Também não é um manual sobre distanciamento social, nem sobre quando devemos buscar ajuda médica. Não que isso não seja de suma importância atualmente, mas porque, provavelmente, isso tudo você já saiba a esta altura do campeonato. Esta é uma simples reflexão de como fomos obrigados a parar e olhar mais para dentro. Dentro de nós e das nossas casas. É quarentena, que chama né?

É arriscado chegar muito perto, abraçar, interagir e viver. E isso nos afeta muito mais do que poderíamos imaginar. Primeiramente, nos tira do nosso conforto rotineiro, do cotidiano seguro – ou nem tanto – mas que nos dá a impressão de fazer como Chico Buarque cantou: “todo dia ela faz (fazemos) tudo sempre igual, e sacode às seis horas da manhã”. Independente de como é sua rotina, você já estava habituado a ela, e como alguém que perde uma pessoa querida, provavelmente você pode estar meio sem rumo, abatido e tentando processar tudo. Aí, nesse processo, entendemos que precisamos cuidar da nossa cabeça e coração, se não nós vamos pifar antes mesmo de arrancarmos a folhinha do calendário. O sentimento de férias passou, a vida pediu um preço de todos nós.

Esqueci, de avisar, este texto também não é uma receita bem estruturada, ou um livro motivacional com “7 passos para sua saúde mental na quarentena” (que já deve ter para vender, com certeza). Antes, é um conjunto de reflexões que você pode complementar assim que acabar de ler, afinal de contas, qualidade de vida cada um tem a sua e do seu jeito. “- Peraí, então você está falando, que existe autocuidado na quarentena?”. Sim, existe. Mas, para isso, vamos ter que usar algumas gavetas do nosso ser, que por vezes ficam bem trancadas (e não deveriam), tais como criatividade, bom humor, arte, descanso, limites, entre outras. Revelar novas formas de trabalhar e matar a saudade. Tirar as máscaras que a internet nos reforça e fazer aquela ligação ao amigo, sem se preocupar com a aparência, mas somente com a participação na vida do outro. Aprender a otimizar o tempo livre, o tempo de descanso e de produção. Muita coisa criativa pode sair dessa quarentena. Coisas que há tempos você não fazia, mas tinha vontade de fazer e ainda utilizar os recursos que se tem, aprendendo também sobre sustentabilidade na prática. Administrar a solidão, a ansiedade, a enxurrada de notícias ruins. Isso tudo é muito necessário. Exercitar o otimismo responsável, ler e ver coisas que aquecem o coração. Gastar energia com faxina, brincadeiras com as crianças, cozinhar algo diferente ou igualzinho todo dia, meditar, por a respiração para trabalhar em seu favor. Escrever. Pensar em como você vai contar sobre tudo isso. Afinal, viramos agentes dos livros de História, de um jeito bem realista.

Por último, mas não menos importante, se fazem de extrema importância as conexões. Não nascemos para sermos sozinhos e não podemos esquecer do nosso Deus, e de que um de seus nomes é Companhia, ou melhor Deus Conosco, que é Emanuel. Ele é aquele que caminha conosco e para conosco. Está aí na sua casa, no seu apartamento, na sua comunidade, na sua quitinete. Está com você nos seus medos em relação ao futuro, nas incertezas tão escancaradas do amanhã. Está como o telejornal se renovando cada manhã, mas incrivelmente de forma misericordiosa e bondosa. Está nos mostrando que há tempo para todas as coisas. Tempo de cuidado conosco, e daquele meu próximo que conheço e que nunca nem vi, mas que independente do sotaque e do país se faz presente nas nossas preces. E as preces, antídotos diários contra a desesperança. Pequenos prazeres, que nos fazem agradecer pelas coisas simples. Pelo café com aqueles que moramos, aqueles que dividem a quarentena conosco. Pelo banho quente ou frio. Pela risada do meme, do áudio engraçado, do plano da festa pós quarentena. Pedidos de consolo ao sofrimento, que fazemos e que sabemos que não são em vão. Deus não está distraído, surdo ou confuso em tempos de reclusão social e declínio econômico. A fé não para, ela ressurge mais forte nas crises e de forma resiliente.

Que tenhamos saúde física, emocional, social e espiritual nesses dias. Que tenhamos força para prosseguir, ainda quando o que nos resta é somente esperar. E que possamos fazer um pedido como Davi, homem comum que experimentou da sabedoria divina fez: “Peço que TODAS as manhãs, tu me fales do teu amor” (Salmos 143:8). Acredito eu que Ele já está falando, não somente no meio da humanidade desastrosa e caótica, mas com suas notas profundas no rodapé do nosso dia a dia. Cabe somente a nós escutar, de todo coração.

A família, que em seu contexto tem a problemática do álcool e outras drogas, desenvolve um rígido sistema de negação da situação em que vive. Tanto o dependente como o familiar, utilizam este artifício na tentativa de evitar o reconhecimento do problema existente. A dependência instalada neste meio destrói a autoconfiança e a autoestima de toda família, assim a negação se torna uma defesa na crescente falta de controle sobre a situação problema.

A própria negação pode indicar a existência do problema da dependência e da codependência na família vindo a piorar o quadro com o passar do tempo. Compreende-se a dependência química como o consumo sem controle de uma substância psicoativa (álcool ou outras drogas). Este consumo descontrolado está, geralmente, associado a problemas sérios para o consumidor da droga em várias áreas de sua vida, seja física, psicológica, espiritual, de saúde, etc.

Já a codependência se apresenta no quadro de distúrbio mental. Destacasse ansiedade, angústia e compulsividade obsessiva em torno de tudo que envolve a vida do dependente. Ainda, o que fica evidente, neste distúrbio é a anulação da própria vida do familiar para viver na dependência dos acontecimentos de quem vive a dependência do álcool ou outras drogas. Assim, negar o problema já existente não irá contribuir de forma positiva, tanto para o dependente, buscar ajuda externa, como para toda família tomar consciência dos novos rumos, ou mesmo, voltar aos trilhos.

O ambiente familiar onde a confiança é comprometida precisa de ajuda e compreensão. Famílias que aprendem a resolver seus problemas tendem a prevenir novas crises e a lidar de forma madura e sábia com a problemática da dependência. Portanto, negar a situação já existente, não resolve, nem se culpar pelo sistema familiar “descarrilhado”.

Buscar ajuda sempre é uma opção. Existem muitos grupos de apoio (Cruz Azul, Amor Exigente, AA, NA, entre outros) que tem a função de redimensionar os participantes/famílias a tomarem decisões responsáveis e saudáveis, não mais baseadas em manipulações ou ameaças, mas sim dentro daquilo que agora traz liberdade e compromisso com o novo.

 

Texto: Mara Márcia Schroeder

De onde vem a sua dor?
Da rejeição?
Das expectativas que não foram correspondidas?
De uma família desestruturada?
Da perda de algo?
Da falta de valorização?
Da culpa?
Do vazio no seu coração?
No meio disso, onde estou?

Diante desta avalanche, nosso corpo e mente gritam pelos excessos na comida, na bebida, no sexo, nas drogas e já não me cuido mais. Busco o alimento em coisas passageiras. E onde buscar o alívio para as minhas dores? Busco uma saída, uma luz. Enfrentar tudo isso com esperança. Ver algo além da dor.

Neste mundo, nada dura para sempre, mas o amor de Deus nunca acaba e Sua Alegria nos traz a esperança. Todos os esforços têm valor e benefícios, mas aquela ferida na alma, somente Deus pode curar!

Ildi Silveira
Aluna da Escola de Dependência Química & Outras Compulsões JUL/2019

Todos nós estamos suscetíveis a situações que nos geram dores em nossa alma, então fique calmo, você não é o único a sofrer nesta vida! Em sua vida, é provável que tenha experimentado a frustração, decepção, tristeza, desamparo, luto, rejeição, violência, insatisfação, e entre outras dores. Caso não tenha vivenciado nenhuma dessas dores, ou você é um super-humano, ou vive em uma bolha.

Mas quando essas dores se encontram presente em nossas vidas, o que fazer? Como parar? Como solucionar? Com a bebida? Netflix? Comida? Drogas? Sexo? Terapia? Remédios? Todas elas dão um alívio momentâneo, nos fazem esquecer por um breve momento, mas quando a realidade bate na nossa cara novamente e aí como encarar?

Precisamos reconhecer que essas dores fazem parte do nosso dia a dia, e fazer as pazes com a nossa vida, com Aquele que nos deu e criou a vida, precisamos perguntar para Aquele que entende e sabe como funcionamos, reconectarmos com a realidade e ver que mesmo nesses momentos de dores, se Ele está presente, há o amparo, o consolo e a Esperança.

Texto: Priscila Yumi Shiotani
Aluna da Escola de Dependência Química & Outras Compulsões 2019