“Quero trazer a memória aquilo que me trás esperança”,volta e meia me pego cantando essa canção, inspirada no versículo de Lamentações 3:21 e com isso minha mente voa… E assim vou percebendo o quão  incrível o ato de parar, também significa saborear a vida,  eu como dançarino amo o movimento, mas nesses últimos meses tenho percebido que há mais movimento na pausa, do que pausa no movimento. É aquele tempinho que a gente vai entendo as coisas, inclusive que o tempo, é uma dádiva, e somos responsáveis pelo que fazemos com ele. Em tempos difíceis nos vemos obrigados, a pensar, a refletir e a compreender a importância das coisas, e como algo tão simples pode trazer um significado tão importante. Um cheiro, um sabor, um toque, uma imagem, uma palavra carregam  consigo SIGNIFICADOS.

Com isso queria compartilhar algo simples, mas que carrega muito significado. Sou dançarino, como disse no inicio do texto, amo dançar, amo coreografar, amo ensinar, amo fazer aula, mas uns meses atrás me permiti a experimentar algo novo, nada relacionado a dança. E assim com a ajuda de uma amiga e uma excelente professora, me permiti a conhecer a arte de bordar. Sim bordar! Era um universo extremamente desconhecido para mim, confesso que ainda é, estou bem no inicio, mas  não tinha consciência quantas lições uma linha, uma agulha e um bastidor podem nos ensinar. A primeira delas é: Se permita a aprender! Você não precisa saber de tudo, e deixar  o controle de lado implica em vivenciar de forma mais leve. É descobrir o contentamento a cada passar de linha e aos poucos ver o desenho ganhando forma. Aventure-se, o novo é desafiador, a principio assusta, mas daí me lembro que o próprio Cristo nos diz ser esse caminho, o que nos dá a segurança de que Ele estará conosco,  e estaremos nele. Esse caminho é uma pessoa, e Ele esta vivo. Isso me remete a segunda lição: Seja paciente! Saber como é o desenho não significa que ele já está pronto. É o já é, e o ainda não da vida cristã. Quando focamos demais no ideal, nos esquecemos do real, então saiba encarar os processos e a desfrutá-los. Momentos difíceis também trazem consigo ensinamentos, e  muitos frutos podem ser gerados a partir daí. Lembre-se  há como desatar os nós da linha. Contemple! Aprenda a enxergar a beleza. Lembre-se, Deus ao terminar cada processo de criação, parava e via que era bom. Não deixe com que a impaciência e a ansiedade  lhe roubem os olhos. Pare. Suspire e Respire fundo. Se necessário faça isso de novo, e de novo e de novo… Há significado, há cores, mesmos nos dias nublados. Mas que ao contemplar,a sua vida, seu coração se encha de gratidão.

Encerro por aqui agradecendo a minha professora Cléo Souza que me ajudou a conhecer essa arte tão incrível, mas enquanto escrevia lembrei-me de uma outra canção que diz :

“Se você olha do avesso

Nem imagina o desfecho

No fim das contas, tudo se explica

Tudo se encaixa, tudo coopera pro meu bem

Quando se vê pelo lado certo

Todas as cores da minha vida

Dignificam a Jesus Cristo, o Tapeceiro”.

Fomos tecidos por um grande artista que entende bem sobre o tempo, paciência, o contemplar, e sobretudo o que é AMAR.

Texto por: Felipe Ramos

“Lave bem as mãos!”, “não saia de casa!”, “fique a um metro de distância das pessoas!”, “use luvas e máscaras!”. Essas e diversas outras têm sido as orientações que mais temos ouvido nesses últimos tempos. Estar em casa tem me lembrado de outro meio de comunicação um tanto esquecido por muitos e que agora tem falado bastante: o corpo. Sim, o corpo, um lugar sagrado onde o relacionamento acontece, onde, de fato, é o ponto de encontro entre o de “dentro” e o de “fora”. Lugar onde, nos dias atuais, tem quebrado as regras da física, pois mesmo parado está em constante movimento. Dentro de si, há tanto barulho, há tantos gritos mudos, tantas dúvidas e temores transformados em noites sem dormir, nostalgias, o que me faz repetir que, por mais parados que estejamos, nossos corpos se encarregam de apresentar o seu próprio discurso.  Estar em casa esses dias para muitos tem sido o tempo em que, de fato, as pessoas têm se encarado diante do espelho, e isso implica reorganizar, pensar o que é importante na vida, pensar no que realmente tem valor. Falar de corpo é falar de história. Mas como posso falar dessa história se ela ainda está em processo? Vai ficando claro que suposições erradas sobre Deus, levam-me a conclusões erradas sobre mim. Então para entender um pouco mais, preciso perguntar ao Criador dela. Aprendo que carrego em meu corpo uma identidade dita por Ele a mim. Resgatando essa relação com meu Criador, vou entendendo o que Jonathan Edwards quis dizer quando afirmou “raios dispersos, mas Ele é o Sol”, quando eu experimento qualquer razão, emoção, amor, graça, bondade, beleza ou poder reais num outro alguém ou algo, Ele é o sol que encontramos enquanto refletimos os raios da sua verdadeira Fonte. Ele pode moldar, expandir, iluminar e se desenvolver em nós de modos que nenhuma quantidade de dinheiro, poder, amores, impulsos ou qualquer outro objeto de adoração concebível o possa. Mesmo depois de tantas buscas, insisto em não desistir desse desafio chamado viver. Não me conformo em ser esse eterno paradoxo entre o real sentido do presente, sem deixar de esperar por um porvir imenso e infinito. Mesmo entorpecido pela rotina, tomo coragem para enfrentar meus próprios barulhos e meu vazio, entendendo que as respostas que tanto quero podem se tornar um convite a um novo olhar. 

Texto: Felipe Ramos

Este não é um texto de dados e fatos sobre a pandemia. Este não é um texto sobre precauções e medidas protetivas para não se pegar um vírus. Também não é um manual sobre distanciamento social, nem sobre quando devemos buscar ajuda médica. Não que isso não seja de suma importância atualmente, mas porque, provavelmente, isso tudo você já saiba a esta altura do campeonato. Esta é uma simples reflexão de como fomos obrigados a parar e olhar mais para dentro. Dentro de nós e das nossas casas. É quarentena, que chama né?

É arriscado chegar muito perto, abraçar, interagir e viver. E isso nos afeta muito mais do que poderíamos imaginar. Primeiramente, nos tira do nosso conforto rotineiro, do cotidiano seguro – ou nem tanto – mas que nos dá a impressão de fazer como Chico Buarque cantou: “todo dia ela faz (fazemos) tudo sempre igual, e sacode às seis horas da manhã”. Independente de como é sua rotina, você já estava habituado a ela, e como alguém que perde uma pessoa querida, provavelmente você pode estar meio sem rumo, abatido e tentando processar tudo. Aí, nesse processo, entendemos que precisamos cuidar da nossa cabeça e coração, se não nós vamos pifar antes mesmo de arrancarmos a folhinha do calendário. O sentimento de férias passou, a vida pediu um preço de todos nós.

Esqueci, de avisar, este texto também não é uma receita bem estruturada, ou um livro motivacional com “7 passos para sua saúde mental na quarentena” (que já deve ter para vender, com certeza). Antes, é um conjunto de reflexões que você pode complementar assim que acabar de ler, afinal de contas, qualidade de vida cada um tem a sua e do seu jeito. “- Peraí, então você está falando, que existe autocuidado na quarentena?”. Sim, existe. Mas, para isso, vamos ter que usar algumas gavetas do nosso ser, que por vezes ficam bem trancadas (e não deveriam), tais como criatividade, bom humor, arte, descanso, limites, entre outras. Revelar novas formas de trabalhar e matar a saudade. Tirar as máscaras que a internet nos reforça e fazer aquela ligação ao amigo, sem se preocupar com a aparência, mas somente com a participação na vida do outro. Aprender a otimizar o tempo livre, o tempo de descanso e de produção. Muita coisa criativa pode sair dessa quarentena. Coisas que há tempos você não fazia, mas tinha vontade de fazer e ainda utilizar os recursos que se tem, aprendendo também sobre sustentabilidade na prática. Administrar a solidão, a ansiedade, a enxurrada de notícias ruins. Isso tudo é muito necessário. Exercitar o otimismo responsável, ler e ver coisas que aquecem o coração. Gastar energia com faxina, brincadeiras com as crianças, cozinhar algo diferente ou igualzinho todo dia, meditar, por a respiração para trabalhar em seu favor. Escrever. Pensar em como você vai contar sobre tudo isso. Afinal, viramos agentes dos livros de História, de um jeito bem realista.

Por último, mas não menos importante, se fazem de extrema importância as conexões. Não nascemos para sermos sozinhos e não podemos esquecer do nosso Deus, e de que um de seus nomes é Companhia, ou melhor Deus Conosco, que é Emanuel. Ele é aquele que caminha conosco e para conosco. Está aí na sua casa, no seu apartamento, na sua comunidade, na sua quitinete. Está com você nos seus medos em relação ao futuro, nas incertezas tão escancaradas do amanhã. Está como o telejornal se renovando cada manhã, mas incrivelmente de forma misericordiosa e bondosa. Está nos mostrando que há tempo para todas as coisas. Tempo de cuidado conosco, e daquele meu próximo que conheço e que nunca nem vi, mas que independente do sotaque e do país se faz presente nas nossas preces. E as preces, antídotos diários contra a desesperança. Pequenos prazeres, que nos fazem agradecer pelas coisas simples. Pelo café com aqueles que moramos, aqueles que dividem a quarentena conosco. Pelo banho quente ou frio. Pela risada do meme, do áudio engraçado, do plano da festa pós quarentena. Pedidos de consolo ao sofrimento, que fazemos e que sabemos que não são em vão. Deus não está distraído, surdo ou confuso em tempos de reclusão social e declínio econômico. A fé não para, ela ressurge mais forte nas crises e de forma resiliente.

Que tenhamos saúde física, emocional, social e espiritual nesses dias. Que tenhamos força para prosseguir, ainda quando o que nos resta é somente esperar. E que possamos fazer um pedido como Davi, homem comum que experimentou da sabedoria divina fez: “Peço que TODAS as manhãs, tu me fales do teu amor” (Salmos 143:8). Acredito eu que Ele já está falando, não somente no meio da humanidade desastrosa e caótica, mas com suas notas profundas no rodapé do nosso dia a dia. Cabe somente a nós escutar, de todo coração.

A Bíblia nos revela Deus e a sua vontade. Quanto mais nos aproximamos do conteúdo bíblico, mais tomamos consciência do quanto o Senhor é todo poderoso e nós frágeis e necessitados. Esquecer-se disso é sem dúvida alguma nocivo e, porque não dizer trágico.

Em que a nossa devocionalidade a Deus pode exercer algum tipo de influência em nosso autocuidado? Se partirmos do pressuposto que fomos criados por Deus e somos mantidos por Ele, obviamente tudo tem a ver com autocuidado. Um clássico exemplo é a obediência aos seus mandamentos. Por serem mandamentos perfeitos e restaurarem a alma, nossa submissão a eles é fonte de bem estar e saúde (Salmos 19.7).

Baseado na certeza de que devocionalidade produz autocuidado, eu quero te dar três conselhos:

  1. O primeiro tem a ver com uma leitura regular da Bíblia observando mais os indicativos do que os imperativos. Cada dia mais eu me preocupo com quem só lê a Bíblia em busca de saber o que fazer ou não em relação a sua própria vida. Para essas pessoas Jesus é apenas um coach motivacional. Eles não conseguem perceber que antes de Deus dizer o que eles tem que fazer Ele diz o que Ele já fez. Os dez mandamentos são um bom exemplo disso. Deus lhes informa que os tirou do Egito da casa da servidão antes de ordenar que o obedeçam. Este é um dos inúmeros exemplos onde os indicativos vem antes dos imperativos, afim de deixar claro que o que Deus faz sempre vem antes de suas ordens afim de que façamos algo.
  2. Em segundo, é para você deixar a Bíblia moldar sua mente. Precisamos levar a sério as palavras de Paulo quando ele orienta os irmãos de Roma a não se deixarem moldar pelos valores do mundo. O apóstolo sabia que nossos pés se dirigem exatamente para onde nossos corações creem. A crença é responsável pelo tom dos pensamentos e não o contrário. Não é por acaso que Deus nos dá um novo coração antes de nos dar uma nova vida. Renove a sua mente escondendo a Palavra de Deus em seu coração (Salmos 119.11).
  3. Em terceiro e último lugar, eu o convido a observar os inúmeros exemplos disponibilizados na revelação de Deus e seus finais. Alguém já disse que os inteligentes aprendem com os próprios erros e os sábios aprendem com o exemplo dos outros. Se você está pensando em adulterar, a Bíblia vai lhe fornecer inúmeros exemplos de tragédias pós-adultério. Se você está pensando em desprezar os seus irmãos e trilhar seu próprio caminho também encontrará registros diversos nas escrituras.

“…pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais – 1 Pedro 2:21

Além de exemplos diversos temos o próprio Cristo nos servindo de exemplo. Observe que Ele nos deixou o exemplo. A sua capacidade de suportar todas as provas se dava essencialmente por sua plena confiança no amor eterno do Pai. Que essa mesma verdade encontre- se continuamente ancorada em nossos corações. Na certeza que quanto maior a nossa devocionalidade maior será o nosso autocuidado. Afinal somos seu povo a quem Ele guia como seu próprio rebanho (Salmos 77.20).

 

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