Homens contemporâneos são seres da boca seca, lábios queimados, não de sol, mas de sede. Somos homens com sede do masculino, nunca nos perguntamos tanto sobre o que venha ser mesmo “ser homem”. E não faltam respostas para o que é o masculino saudável, mas mesmo chegando no topo de tal performance a solidão e a insatisfação vem como nevoeiro denso. Kant em um conversa com o historiador russo Nikolai Karamzin disse que se dermos a um homem tudo que ele deseja, e ele apesar disso, naquele mesmo momento sentirá que “tudo” não é “tudo”. A humanidade é o ser da falta, nossa sede não acaba.

Em 1952 Drummond já percebia que “não era fácil decidir se nossa época se caracteriza pelo excesso ou pela míngua da crença”. Acreditamos exageradamente em performances retóricas e estéticas.  Discursar sobre o masculino não te faz mais masculino, nem ter barba de lenhador (sem saber a diferença entre uma enxada e um machado). Nossas respostas para sede de masculinidade não satisfazem porque temos monumentos suntuosos e brilhantes enfeitando fontes pequenas. Corremos para lá com toda nossa sede por conta da imponência de sua aparência, e permanecemos com sede porque lá tem tudo, menos  a tal água de que precisamos. As fontes pequenas, que jorram apenas uma pequena dose, não enche um copo, nem pode se dizer na verdade que jorram, é quase um choro. Estamos cheios de boas ideias, mas permanecemos com a boca seca.

Nós homens todos sertanejos em tempo de terra rachada, poeira na garganta, os caminhos do masculino se tornaram estrada de chão, que quando passa um carro levanta aquela poeira, e nós estamos justamente no carro que vem logo atrás, tentando não sair da estrada, enxergando muito pouco a frente. A sujidade do pó é a presunção, vaidade, ostentação.

John Eldredge diz que “Para se tornar um homem (e para saber que precisa se tornar um homem) o menino precisa ter um guia, um pai que mostrará como consertar uma bicicleta, como lançar a vara de pescar, como chamar uma menina, como conseguir emprego e todas as muitas coisas que um menino enfrentará em sua jornada para se tornar um homem. É preciso entender uma coisa; a masculinidade é concedida.” Um menino tem muito o que aprender em sua jornada para se tornar um homem e ele se torna um homem somente por meio da intervenção ativa de seu pai e da companhia de outros homens. Isso não pode acontecer de outra maneira. Mas isto não é tudo. Existe uma porção do masculino que só se adquire na relação com Cristo, no caminho, seguindo suas pegadas. E para alívio de nossa ansiedade é bom que saibamos que jamais chegaremos a ser bem os homens que devíamos, e com misericórdia Deus nos perdoou disto também, e que no porvir celeste seremos completos, por hora nos basta a esperança, e a humildade, que já é grandiosíssima coisa.

Precisamos aprender que nossas potências masculinas mesmo que doadas por uma pai piedoso e amigos queridos são como cavalos selvagens soltos no pasto assustando as pessoas, um perigo. Mas que com um bom cocheiro (Deus Pai), um excelente domador  (Santo Espírito) e um exímio cavaleiro (Deus Filho) o ginete vira arte, corcel capaz de conduzir reis e rainhas, acelerar o caminho dos mensageiros, multiplicar a força dos soldados, decidir guerras, ser a força que faz cidade elevar-se. Os homens que precisamos são os homens de Deus, que também tem sede, mas não por falta de água, mas porque seu desejo é para o eterno. A palavra desce como chuva, fazendo a poeira descansar no chão, é o fim do seu turno. Homens bocas secas, busquem O Homem fonte!

O acesso à pornografia cresceu muito desde o século passado por causa do crescimento da internet. Sabemos que a pornografia existe há muito tempo, mas com um veículo facilitador, onde além de mais variedade, muito mais novidades e acesso a qualquer hora, também trouxe certa privacidade a quem consome, já que isso era visto como algo sujo e imoral. A internet fez com que de forma desenfreada a indústria pornográfica faturasse quase vinte vezes mais que nas décadas de 80 e 90.

O pesquisador canadense Simon Lajeunesse diz que a maioria dos garotos começa ver pornografia aos 10 anos. Ele procurou jovens que não fizessem uso de pornografia em várias universidades e simplesmente não encontrou.  Um verdadeiro fenômeno cultural nunca visto antes; enquanto nossos pais e avós precisavam ir às bancas e locadoras, e de forma bem constrangedora conseguir conteúdo pornográfico, nossa geração só precisa de um “click”.

Além do fácil acesso, temos também a pouca ou quase nenhuma proteção. Estima-se que nem metade dos pré-adolescentes, idade em que a maioria teve seu primeiro contato com a pornografia, têm o acompanhamento dos pais no uso da internet. Ao contrário de drogas ilícitas, o vício em pornografia não é visto como uma ameaça ou algo que traga danos à saúde psíquica dos filhos. O cérebro de quem consome pornografia constantemente fica sobrecarregado, afinal não houve tempo evolutivo suficiente para o corpo entender a quantidade de possíveis parceiros sexuais que a pornografia traz, o que explica como decai a excitação com pessoas reais, principalmente quando estão várias vezes com a mesma. Estudos semelhantes foram realizados no Instituto Max Planck do desenvolvimento humano por Kühn e Gallinat. Os pesquisadores analisaram através da ressonância magnética o estriado dorsolateral e córtex pré-frontal (áreas do circuito de motivação e na tomada de decisão), e viram que há redução da massa cinzenta nestas áreas e acrescentaram que isso poderia significar que, o consumo regular de pornografia, mais ou menos, apresenta um desgaste no seu sistema de recompensa.

Durante a quarentena, devido ao Covid-19, muitos sites pornográficos comemoraram o aumento de acesso e, alguns que eram pagos, colocaram seus vídeos gratuitamente para incentivar as pessoas a ficarem em casa. Na Itália, o primeiro país a decretar a quarentena, chegou a registrar um aumento de 57% o consumo em materiais pornográficos ainda em Março, na França, 38% e na Espanha 61%. Um site brasileiro teve o aumento de 50% nas assinaturas diárias. Com as pessoas trabalhando em casa, a Netskope, empresa americana de software de segurança, registrou o crescimento de 600% de acesso à pornografia durante o horário de expediente na pandemia de Covid-19 em relação ao mesmo período no ano passado.

Mas não são somente conteúdos pornográficos comuns que estão sendo acessados. Uma plataforma de games pornôs alcançou a marca de mais 56 milhões pessoas acessando, com um aumento de 40% desde antes da pandemia, segundo o G1.

Enquanto o número de acessos nestes conteúdos aumenta, a Exodus Cry movimentou a internet com uma campanha para derrubar um dos sites mais famosos por conter, além de violência, estupro, abuso sexual, imagens de pessoas (inclusive crianças e adolescentes) que foram traficadas e estão em cárcere. O movimento “Traffickinghub” alcançou dois milhões de assinaturas, e continua crescendo nas redes sociais. Existem muitos crimes por trás destes sites, e quem está acessando deve ter essa consciência que a  indústria pornográfica financia o tráfico humano, induz a violência contra mulher, propaga a violência sexual infantil, além de ser prejudicial à saúde física e psicológica de quem consome e de sua família, trazendo alterações comportamentais, sociais e biológicas. Não existem benefícios, mas como qualquer outro vicio, pode ser muito difícil de parar, e para isso tem muitas formas de alcançar ajuda, seja em grupos de apoio, movimentos na internet, aconselhamento e amigos. Só não precisa ficar sozinho. Conversar e questionar sobre o assunto é o primeiro passo.

 

TEXTO DE: BRUNA NAZÁRIO

O dia 13 de maio de 1888 é conhecido como o dia em que a Escravatura foi abolida no Brasil, mas ainda resta a pergunta: será mesmo que a escravidão acabou? E no resto do mundo, como está a situação?

A verdade é que a escravidão apenas mudou a sua forma. Não é mais conhecida como fomos ensinados na escola, quando brancos escravizavam negros e a lei os endossava. A escravidão seguiu o fluxo da modernização e se adaptou ao seu tempo. Hoje, apesar de pouco falarmos sobre o assunto, existem mais pessoas escravizadas no mundo do que em qualquer outro momento da História! São, em sua maioria, mulheres e crianças que tem sido aprisionadas e tratadas como um produto que pode ser vendido e substituído.

O dia 30 de julho celebra o Dia Mundial do Combate ao Tráfico Humano ou de Pessoas. Apesar de ser uma data extremamente importante, poucas pessoas a conhecem, e menos ainda a debatem. Se pesquisarmos no Google apenas por 30 de Julho e o que se é comemorado nesse dia, vê-se que o combate ao tráfico humano não é uma das primeiras indicações encontradas. E por isso a importância de falarmos mais sobre o assunto. A informação é uma grande ferramenta no combate ao tráfico humano e à escravidão moderna!
Todo ser humano tem o direito de ser livre, mas não é o que vemos acontecendo aqui. Não podemos aceitar mais esse crime que está debaixo dos nossos olhos. Não podemos ser omissos. Foi para a liberdade que fomos chamados e nunca seremos totalmente livres enquanto nossas irmãs e irmãos estiverem acorrentados. E para isso precisamos reconhecer o problema. Não podemos resolver algo sem antes saber que existe.

O Tráfico Humano ou de Pessoas consiste no comércio de seres humanos para fins de escravidão sexual, trabalho forçado, exploração sexual comercial, tráfico de drogas ou outros produtos, extração de órgãos ou tecidos, barriga de aluguel, casamento forçado e outras formas de degradação.
O tráfico de Pessoas, apesar de ser o terceiro maior crime organizado no mundo, ficando apenas através do tráfico de drogas e armas, ainda passa silencioso e impune nas sociedades. Além disso, o tráfico também fatura pelo menos 150 bilhões de dólares por ano, o que o tornam um dos mais rentáveis do mundo. A exploração sexual é o principal objetivo desse crime, chegando a quase 80% dos casos.
E talvez você esteja se perguntando: porque alguém faz isso com outra pessoa? Porque esse crime continua crescendo a cada dia? A resposta é simples: porque há demanda; porque há procura pelo “produto” e enquanto houver “compradores” existirão “vendedores”. Por isso precisamos saber como fazer a nossa parte!

Muitos encaram a pornografia, por exemplo, como algo inofensivo e que está completamente distante do tráfico de pessoas. Mas a verdade é que a indústria pornográfica está totalmente ligada à escravidão moderna.
Nos últimos meses foram comprovados que em um dos maiores sites de pornografia do mundo (pornhub), existiam vários casos de tráfico de pessoas, exploração sexual, estupro infantil, entre outros crimes. E esse não foi apenas um caso isolado. Depois dessas descobertas foram-se encontrando diversos outros sites de pornografia e até serviços que estavam completamente envolvido com tráfico de pessoas e exploração sexual.

A pornografia alimenta o tráfico, produz demanda e destrói vidas! E ao acessar conteúdos como esses, não estamos sendo menos pior que aqueles que traficam. Na verdade, estamos sendo cúmplices deles!

Precisamos de uma mudança de mente e enxergarmos além do que está diante dos nossos olhos. O tráfico humano é um problema de toda a sociedade e é nosso papel nos posicionarmos para que a verdadeira abolição aconteça de uma vez por todas!

Seja um abolicionista!

Para lutar contra esse crime, faz-se necessário atuarmos por duas frentes: mudando nossas mentes e nossas leis!
Precisamos mudar a forma como pensamos escravidão! Não podemos mais ficar presos ao passado e não conhecermos a História. A escravidão mudou, se modernizou e tem acontecido diante de nossos olhos! A escravidão moderna tem prosperado sobre o véu de uma falsa narrativa que justifica a sua existência e isso precisa acabar! O ser humano precisa ser respeitado e livre! Tratar pessoas como um produto que pode ser vendido, usado, descartado, possuído é algo terrível e que nem deveria passar por nossas mentes!
Precisamos mudar nossas leis! A prostituição, a compra da prostituição, pornografia precisa se tornar um crime! Eu sei que parece um absurdo, mas enquanto existir demanda, existirá tráfico. E a demanda existe por conta do que a prostituição e pornografia podem “oferecer”!

Já se foi comprovado que a maioria das pessoas, principalmente mulheres que estão em situação de prostituição não queriam estar ali; e que a maioria, se tivesse outra opção, sairia da prostituição. Além disso, a prostituição é o único trabalho onde o assédio é permitido.
Chegou a hora de nos levantarmos e vestirmos a bandeira dessa luta! O tráfico humano e a escravidão moderna são reais e não serão resolvidos enquanto continuarmos a ignora-los. Fechar os olhos, tanto hoje quanto no passado, jamais será uma solução.

Texto por: Thais Rocha (Instagram: @rocha.thaisp)

Corri feito louco
Xingando te de doido

“Como podes errar comigo assim.
Deus onde estavas quando me xingaram de macaco?
Ou que sou nego fedido
Um bandido?”
“Será que sou? Será que errastes comigo assim?
Há de fato maldição sobre mim?”

Achava que sim.
Negro sou
Gritei:

“Será que poderia
me embranquecer?”

Até que ouvi o eterno me dizer do meio de uma tempestade:

“Louco. Homem louco.
Como podes achar isto.
Achas que sou um otario?
Que erra e faz de novo?
Não seu louco.
Se tu és negro
É porque o quis assim”.

“Não se lembras meninin?
Eu que te fiz. Lestes na bíblia
tudo foi feito por mim.
Pra mim
Inclusive você.”

“Fui eu que enrolei teu cabelo
Com meus grossos dedos.
Fui eu que os encrespei.”
“Os pássaros, eles avoaçaram e fizeram morada no ninho dos teus cachos.”

“Mergulhei um pincel num pote de melanina e chapei na tela.”
“Ficou todo melaninado.”
“E eu modelei tua boca deste jeito.
Pra cantar em Yoruba.”

“Não menino. Não errei com você.
Eu te fiz assim.
E tudo que eu fiz
É bom.”

Depois disso cai em mim
Percebi q o eterno me fez assim.
E diante disso me calei.
E O louvei
O meu Deus que me fez
PRETO.